terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sinopse do Carnaval de Campos

Já houve época em Campos,
que cavalos participavam dos festejos carnavalescos
  


CLUBE TENENTES DE PLUTÃO

O Campos-Folia/2012 faz homenagem aos grandes clubes carnavalescos, em especial ao Clube Tenentes de Plutão, fundado em 13 de Janeiro de 1884, que, nos tempos das chamadas grandes sociedades carnavalescas, revolucionou a estética do carnaval campista, fazendo circular pelas ruas centrais carros alegóricos aproveitando as cambonas de cana usadas para transportar matéria-prima para as moendas das usinas.

Cronistas, como o jornalista Hervé Salgado Rodrigues, no seu livro “Na Taba dos Goytacazes”, salientam o carnaval campista teve inicio em 1834, segundo o Monitor Campista daquele ano, fazendo menção às festas de carnaval nos casarões dos barões do açúcar, com as elites dançando bazurkas, polcas, maxixes e marchinhas, enquanto os tambores de jongo rufavam nos quintais das fazendas e junto das senzalas.

O site do Instituto Historiar cita que “no ano de 1884, foi realizado o maior carnaval de Campos com a presença dos clubes "Indiana”, “Macarroni”, “Plutão”, “Neptuno”, “Índio Negro”, “Cacetes”, “Caras Duras”, “Tenentes do Diabo” e o “Progressista”. De todos os clubes carnavalescos campistas o mais antigo do carnaval campista é o “Club Macarroni” - fundado em 1870 e que atravessou inúmeras gerações de foliões até os anos 50.

RIVALIDADE

A rivalidade entre os Clubes Macarroni e Tenentes de Plutão chegou a entrar para a história do carnaval campista. Bem como o fato de que, em 1891, o Plutão teve um carro apreendido pelo delegado de polícia porque continha ofensas grosseiras ao então governador do Estado Francisco Portela, “o homem da luz elétrica em Campos”. Já no novo século, em 1910, um grupo de garotos fundou o clube “Os Avançadores”, que logo foi precedido pelo clube “Os Intransigentes”.

Foi no início do século XX que surgiram os primeiros cordões (de índios), os blocos e os ranchos, além de outros grandes clubes. O primeiro cordão que marcou presença no carnaval campista foi o “Estrela de Ouro”, fundado em 1917. Logo depois surgiria a “Lira Brasileira”, que viria a ser o seu ferrenho rival. Ainda na mesma época surgiram outros cordões como os “Filhos do Sol”, o “Neto do Vulcano”, “Pena de Ouro”, o “Guerreiro Brasileiro”, “Triunfo das Cores”, do Moacir Ferreira e de Fidélis Gomes, “Filhos da Sereia”, de Benedito Apaga a Luz, e etc.

Depois disso, Campos viveu a época dos ranchos e dos blocos. Para as mulheres que desejavam curtir o carnaval só lhes restava os ranchos, pois nos blocos elas não entravam. Entre os blocos mais famosos que existiram em Campos destaca-se o “Corbeille”, o “Recreio das Flores”, o “Prazer das Morenas”, o “Felisminda Minha Nega”, o “Flor de Abacate” e “As Magnólias”, cujo ritmo iria enxotar de uma vez o compasso binário dos blocos e ranchos. E por último o mais famoso de todos os blocos campistas, o “Pega Veado”.

Para Hervê Salgado Rodrigues, autor do livro “Campos – Na Taba dos Goytacazes”, a fase áurea do carnaval campista ocorreu entre os anos de 1920 e 1950. “Com tudo isso ainda surgiram outros blocos esportivos como o “Mana na Burra”, do Goytacaz”; o “Mosqueteiros da Baixada”, do Americano; o “Pé no Fundo”, do Rio Branco e o “Pendura a Saia”, de estudantes campistas.

Não se sabe em que ano, mas a verdade é que o livro “Campos – Na Taba dos Goytacazes” de Hervê Salgado Rodrigues informa que nas tardes de carnaval, os mascarados começavam o desfile por volta das 14 horas. Eram figuras humorísticas, belos dominós com guizos e arminho nos punhos e nas golas ursos e bois pintadinhos. Depois quase à tardinha, vinham os corsos. A população então vinha pra o centro para assistir ao desfile e participar dos desfiles e das guerras com os populares limões de cheiro.

A hegemonia das escolas e blocos de samba tem início em 1952, com a transformação das batucadas em escolas. Exemplos: Companheiros Unidos de Guarus, Sorriso do Norte, Cruzeiro do Sul, Unidos da Coroa, Independentes de Guarus, Madureira do Turfe, Mocidade Louca, União da Esperança...

Vale ressaltar que na história do carnaval campista houve diversos clubes carnavalescos.

Veja os clubes e seus anos de fundação:

Sociedade Congresso Carnavalesco (1869),
Clube Zenith Carnavalesco (1869),
Sociedade Incógnita X (1869),
Sociedade Az de Copas (1870), Clube Macarroni (1870),
Sociedade Commercial e Artística (1870),
Club Carnavalesco Bamboche (1871),
Club Estréa Campista (1872),
Club Indiano Goytacaz (6/agosto/1876),
Club Conspiradores Progressistas (1877),
Club Netuno (março/1877), Os Democráticos (1882),
Club da Concha (1882), Caboclos Negros (1882),
Clube Tenentes de Plutão (13/janeiro/1884), Índio Negro (1884),
Cacetes (1884), Caras Duras (1884), Tenentes do Diabo (1884),
Progressistas (1884),
Os Avançadores (1910) e
Os Intransigentes (1910).
HOMENAGEM A RUBENS PEREIRA

Este ano o Governo Rosinha Garotinho faz homenagem ao pranteado compositor Rubens Pereira, uma das figuras mais tradicionais do Grêmio Recreativo Escola de Samba União da Esperança, escola que, juntamente com a Mocidade Louca, por serem as mais antigas, recebeu o registro de patrimônio cultural do município.

Nascido em 24 de Novembro de 1922, Rubens, desde cedo, se preocupou com a situação da negritude e, como Jorge da Paz de Almeida, lutou contra as diferenças éticas ao mesmo tempo em que procurava valorizar a arte oriunda dos tambores das antigas batucadas existentes nas periferias da cidade, reunindo seus primeiros bambas.

A arte de raiz era a tônica de uma época de construção de uma cultura que, anos mais tarde, iria conquistar a sociedade como um todo. Começou no Sorriso do Norte, escola na qual permaneceu até, mais ou menos, 1970, enquanto durou a entidade concorrendo com outras escolas muito mais poderosas.

É um dos fundadores do Bloco Unidos de Nova Brasília, participou da chamada belle epóque do carnaval dos blocos de escudo, desfilando no famoso Felisminda Minha Nega, cuja fundação se deu na R ua Dr. Ultra, quase defronte a atual sede do Bloco Os |Psicodêlicos, ao lado de Aurino Tavares e de Salvador Brinquinho, um dos maiores balisas da história da categoria.

Rubens, no Bloco Os Psicodélicos, em 1981, assinou o samba enredo numa parceria com o cronista Nicolau Louzada, ganhando uma “guerra” entre os melhores compositores do Morrinho.

Participou da II Guerra Mundial e se orgulhava da farda verde oliva que envergava nos desdiles civicos participando no pelotão dos ex-combantes da Força Expédicionária Brasileira. Seu último desfile, tanto no campo do civismo como no da ludicidade aconteceu em 2002. Vítima pertinaz enfermidade, veio a falecer no dia 08 de agosto de 2004, dois dias depois das festas em homenagem ao Santíssimo.

Rubens deixa um exemplo de pai de família, de cidadão política preocupado com sua etnia e compositor inspirado que, como Neguinho da Esperança, tinha um samba sincopado inspirado nos batuques memoráveis das jongadas.

É reconhecendo o seu valor, enquanto cidadão e artista, que este ano, na inauguração do CEPOP, a avenida leva o seu nome neste Campos Folia 2012.

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